quinta-feira, 3 de junho de 2010

DER LEONE HAVE 5 CABEZAS: RADIOHEAD, PORTISHEAD, TALKING HEADS, MOTORHEAD AND MILES AHEAD.

No olho do meio dia nasce uma torre a secas marretadas. Meu ouvidos despertam sem nenhuma vontade, pela cadência estúpida das máquinas. Em baixo dos meus pés, na oficina mecânica, o incansável a lavar os carros, pra depois encera-los e finalmente entrega-los aos seus anônimos donos...

Seu corpo nú ao meu lado torna menos ordinário, meu também não extraordinário dia. Certamente, não é um dia qualquer. Mas é apenas mais um. Dia.

Pancadas.

Pancadas.

Um breve intervalo. Ah, o silêncio. Meus olhos voltam a amolecer, junto com meus pensamentos. O silêncio que antecede a tempestade. Dura pouco, mas o suficiente. Me faz lembrar o andarilho João, o Pequeno, estampado em vermelho, a me levar em suas andanças. Ele nunca insiste. Sou eu quem teimo em segui-lo, sempre acreditando que me levará a algum lugar além da sargeta. Ilusão que se perde a duros golpes. Num piscar de olhos transforma o príncipe em sapo. Joãozinho vermelho, a fada do mundo moderno, cujo encanto é tão forte que nem teu beijo nu consegue quebra-lo. Nem os quinhentos touros que estouram pelo meu sangue conseguem me libertar desse feitiço. Prometes a libertdade do espírito, mas a que preço. Me esmaga os ossos, albarroa o corpo. Joãozinho, seu desidratante! Manténs o cérebro ligado na cadência de um trem desgovernado que não descarilha, nem chega ao seu destino. E eu a gritar aos cinco ventos, da minha janela, um pé pra dentro, outro pra fora. O prédio a balançar como um navio. Tempestade. A chuva só passa quando finalmente conquisto o seu perdão. Mas a que preço!

Não sei porque ainda dou ouvidos às tuas promessas, se na manhã seguinte, quem acorda engarrafado sou eu. Uma "Jeanie é um gênio" sem amo, ama, ou amor. O último dos imortais. Não mais homem do que porco. Chafurdado. Enforcado. Não mais porco do que linguiça. Um embutido: picado, embuchado, curado. E você, Joãozinho, com seu sorriso dourado, a andar. Continue andando, João Pequeno, maldito andarilho!